
Descarbonização: Floene defende que conversão de biogás em biometano deve ser a prioridade
Gabriel Sousa, presidente executivo da Floene, defendeu esta quarta-feira defendeu que a prioridade em Portugal, rumo à descarbonização do setor energético, deve ser a conversão do biogás em biometano, aproveitando as 70 unidades existentes, principalmente em aterros sanitários, que produzem biogás e que poderiam ser adaptadas com um investimento adicional de até 1,5 milhões de euros para a purificação do gás. Gabriel Sousa falava em conferência de imprensa para divulgação de um estudo realizado pela Roland Berger para a Floene sobre esta matéria.
“O que deve acontecer o quanto antes em Portugal é converter biogás para biometano”, sublinhou.
Comparando o hidrogénio e o biometano, Gabril Sousa referiu o facto de o primeiro ainda não estar disponível em larga escala, ao contrário do segundo. Enfatizou, depois, a vantagem de não ser necessário alterar os equipamentos nas habitações para a conversão ao biometano.
“O gás natural tenderá a ser substituído por gases renováveis. A rede é a mesma, é um ativo superior a 3000 milhões de euros que está apto a entregar energia verde à economia nacional” sublinhou Gabriel Sousa, realçando ainda a fiabilidade deste recurso, importrante para a indústria.
O estudo realizado para a Floene aponta ainda que o biometano é uma solução para a gestão de resíduos e contribui para a mitigação da contaminação de solos e águas. A Floene acredita que é possível ter um sistema de gás totalmente descarbonizado com o potencial de produção disponível em Portugal.
O Plano de Ação para o Biometano, aprovado em março, estabelece o objetivo de substituir 9% do gás natural por biometano até 2030. A Floene considera esta meta ambiciosa, mas alcançável, especialmente com o recebimento de mais de 170 pedidos de informação para injeção de hidrogénio verde e biometano nas redes que opera.
O estudo recomenda prioridades políticas e regulatórias para a descarbonização da rede de gás, incluindo maior apoio ao investimento, incentivos para a conversão de unidades de biogás em biometano, e um modelo de partilha de investimentos entre produtores e operadores de redes, semelhante ao modelo francês.
A Floene espera que o Governo emita sinais claros para incentivar a produção de biometano, defendendo que o atual Executivo tem demonstrado sinais positivos em relação ao desenvolvimento de gases renováveis. A empresa espera ver o biometano mais representado na revisão do Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC 2030), que deverá ser concluída em breve.
Descarbonização equilibrada pode poupar 2500 milhões de euros, afirma estudo
O estudo realizado pela Roland Berger para a Floene, divulgado esta quarta-feira, aponta que a descarbonização "equilibrada" do setor energético, através da eletricidade e gases renováveis, como biometano e hidrogénio, pode representar uma poupança de cerca de 2,5 bilhões de euros em comparação com a eletrificação extensiva.
O estudo conclui que para uma descarbonização sustentável, é necessário considerar o uso equilibrado de todas as opções disponíveis, especialmente aquelas que apresentam menores custos para famílias e empresas, podem ser implementadas mais rapidamente, e oferecem maior segurança energética. A descarbonização equilibrada, que inclui a utilização de gases renováveis, representaria um investimento entre 1120 a 1740 milhões de euros para a adaptação das redes existentes em Portugal, contrastando com os custos mais elevados da eletrificação extensiva (1920 a 3200 milhões mais custos de adaptação nas habitações e indústrias) e do recurso extensivo ao hidrogénio (1430 a 2020 milhões mais custos nos clientes).