
Encerramento de centrais nucleares em Espanha “pode não ser prudente”
O CEO da Endesa considera que o plano de encerramento faseado das centrais nucleares espanholas, “pode não ser prudente”. Citado em comunicado, José Bogas refere que, apesar de o Plano Nacional Integrado de Energia e Clima (PNIEC) espanhol prever o encerramento das centrais nucleares num futuro imediato, “no atual contexto de incerteza energética e geopolítica, pode não ser prudente renunciar a uma tecnologia não emissora, segura e competitiva”.
“Atualmente, é uma fonte de energia da qual não devemos prescindir para reduzir as emissões de CO2, responder ao aumento da procura industrial de eletricidade, reforçar a segurança do fornecimento de eletricidade e garantir que os preços da eletricidade não aumentam”, disse.
Declarações que surgem um dia depois do apagão que afetou a Península Ibérica, e no âmbito da Assembleia Geral de Acionistas da Endesa, que se realizou hoje em Madrid, Espanha. No contexto de crise energética que afetou Portugal e Espanha esta segunda-feira, o CEO da Endesa, José Bogas, definiu a energia como uma das “prioridades críticas para Espanha e para o conjunto da Europa”.
"Contextos como o de ontem, põem em evidência a importância da garantia do fornecimento elétrico. Somos sociedades modernas porque estamos eletrificados e, por esta mesma razão, garantir a segurança do fornecimento e a competitividade do nosso sistema elétrico é fundamental", avisou.
Relativamente ao debate sobre as perspetivas da empresa para os negócios regulados, Bogas defendeu o interesse e a capacidade financeira da Endesa para apostar na expansão, melhoria tecnológica e adaptação a fenómenos climáticos extremos da rede de distribuição elétrica. “Trata-se de um ativo em que a empresa é o primeiro operador em Espanha e que é considerado a espinha dorsal da transição energética”, salientou.
"Para além do debate sobre o nuclear, há outros aspetos que devem ser trabalhados de imediato”, alertou. Especificamente, no domínio das redes de distribuição, “é essencial desenvolver um quadro regulamentar e adaptar o modelo de remuneração. Os modelos energéticos devem ser competitivos para os consumidores, mas também rentáveis para os investidores", sublinhou o CEO da Endesa.
Na mesma reunião, foram analisados os resultados financeiros da empresa em 2024. A Endesa teve um ebitda (lucro operacional bruto) que atingiu no ano passado, 5.293 milhões de euros, “um crescimento de 40% em relação a 2023”. Já o lucro líquido ordinário “multiplicou-se por 2,1 vezes em relação ao ano anterior, para 1.993 milhões de euros, graças à normalização dos mercados de energia”, adiantou o responsável.
José Bogas resumiu ainda as operações realizadas durante 2024 de um ponto de vista estratégico: "no ano passado, concluímos uma operação muito importante para incorporar parceiros no desenvolvimento de certos projetos renováveis. A venda de 49,99% da empresa que agrupa as centrais fotovoltaicas da Endesa e a compra de 34 centrais hidroelétricas, o que melhora o nosso mix de produção".