
Grupo cívico contra central solar em Santiago do Cacém e ameaça recorrer a tribunal
Um grupo cívico contestou esta segunda-feira o projeto de instalação de uma central fotovoltaica no concelho de Santiago do Cacém (Setúbal), envolvendo o alegado abate de 1,5 milhões de árvores, ameaçando recorrer a tribunal.
Em comunicado, o grupo ProtegerAlentejo1260ha argumentou que “a emissão da Declaração de Impacte Ambiental favorável” ao projeto fotovoltaico que a Iberdrola e a Prosolia Energy vão desenvolver na freguesia de São Domingos e Vale de Água terá como consequência o “abate de um milhão e meio de árvores para plantar dois milhões de painéis solares”.
“O projeto em causa teve anteriormente, e por duas vezes, parecer negativo por parte da Comissão de Avaliação devido aos impactes negativos previstos. Os impactes apontados são identificados como negativos, muito significativos e irreversíveis”, realçou.
No comunicado, o grupo cívico realçou ser “totalmente contra a concretização” da central solar fotovoltaica, pelo que vai optar por recorrer aos tribunais: “É nossa decisão defender a nossa posição e os nossos direitos por via judicial (...) As medidas e compensações propostas pelo promotor não vão, de modo nenhum, ao encontro das exigências manifestadas pela população nas duas consultas públicas”, criticou o movimento.
Na consulta pública referente ao projeto reformulado, o grupo disse ter apresentado “uma participação de 74 páginas, na qual se demonstrava a incompatibilidade [da central] com estratégias, programas e planos nacionais e regionais”. Essa contribuição do ProtegerAlentejo1260ha deixava a descoberto também “as graves omissões e inverdades constantes no EIA [Estudo de Impacte Ambiental] apresentado”, frisou.
Apesar disso, os promotores “conseguiram convencer” a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) “com a sua argumentação e um conjunto de promessas”, mas “esses compromissos não são realistas, nem passíveis de serem cumpridos”, criticou o grupo de cidadãos.
A Iberdrola e a Prosolia Energy obtiveram, a 31 de janeiro, licença ambiental para construir, em São Domingos, o projeto fotovoltaico Fernando Pessoa, com 1200 megawatts (MW) de potência instalada, o maior da Europa e o quinto maior do mundo.
O parque solar fotovoltaico irá fornecer “energia limpa, barata e de produção local suficiente para responder às necessidades anuais de cerca de 430 mil residências, uma população equivalente a quase duas vezes a cidade do Porto”, indicaram os promotores.